O dia-a-dia numa base como o AB4, para lá da missão que cada
um na sua especialidade tinha atribuída, nomeadamente na Esquadrilha de
Abastecimento a que pertencia, nem sempre era fácil de ocupar.
Mercedes, foto de e com José Fernandes Ferreira |
A rotina instalava-se, a monotonia apoderava-se da nossa vivência. As “ocupações”, quer na Base, quer na cidade tornavam-se insuficientes e comecei a sentir necessidade de diversificar as formas de cumprir os dois anos a que estava destinado viver na Lunda. Poder-se-á dizer e com razão, principalmente por aqueles, que no "mato" arrostavam com todo o tipo de problemas e privações - grande preocupação a desta "tropa" - combater a monotonia !!!
Mas, era a realidade, pelo menos para mim.
Ora bem, determinado tipo de equipamento destinado á Base e seus destacamentos, vinha pelo CFB-Caminho de Ferro de Benguela até á estação do Luso e quando pelas suas dimensões ou, não justificada urgência no transporte por avião, o mesmo era transportado por camião até Henrique de Carvalho. Portanto, quando tal se justificava era efectuada esta missão. Tal transporte não exigia a obrigatoriedade de ser acompanhado por um especialista de Abastecimento.
Mapa da estrada HC - Luso |
Mas, foi esta a maneira que vislumbrei de poder “arejar”. O fazer cerca de
280kms por terra afigurava-se interessante e era a possibilidade de conhecer
algo mais do leste. A estrada era boa, totalmente alcatroada, como vim a constatar, o único perigo possível
existia no troço Dala/Buçaco - Luso, onde de vez em quando havia "fogachada" á coluna. Assim, conhecidas as condicionantes, um dia dirigi-me ao meu chefe, o Cap. Maia, e
voluntariei-me para o “serviço”, imediatamente aprovado.
Condutor e eu, a bordo da “Mercedes”, saíamos bem cedo por forma a estar no Dala ás 7:00, hora a que era constituída a coluna e que assim fazia o restante percurso até ao Luso. O mesmo método era utilizado no regresso.
Condutor e eu, a bordo da “Mercedes”, saíamos bem cedo por forma a estar no Dala ás 7:00, hora a que era constituída a coluna e que assim fazia o restante percurso até ao Luso. O mesmo método era utilizado no regresso.
Convém salientar, que de HC a Dala era rodar livremente, cada um por si, dado
não haver qualquer perigo de ataque do IN. Do Dala para o Luso era diferente,
de vez em quando aconteciam ataques e daí o percurso ser feito com a protecção de escolta e em coluna, salvo erro da responsabilidade do pessoal de cavalaria sediada no
Luso.
As belas quedas do rio Chiumbe - foto de Gonçalo de Carvalho |
A estadia no Luso como é lógico nunca era longa, embora sempre a
procurássemos “estender” por razões óbvias!
Julgo, que fiz umas 3 a 4 colunas, já não estou certo. Nessa, que viria a ser a última, a coluna foi atacada no sentido Dala-Luso. Tiros no princípio da
coluna, todos fora das viaturas procurando o melhor abrigo e pouco tempo
depois, o sossego normal e o retomar da marcha. O ataque tinha sido rápido, felizmente sem estragos,
provável forma do IN apenas mostrar que se mantinha activo na zona. Facto engraçado foi o constatar após este acontecimento, que tanto eu como o
condutor…não tínhamos qualquer arma, um empecilho desnecessário!
Coluna a caminho do Luso - foto de Gonçalo de Carvalho |
Bom, neste “ataque” foi a ocasião em que estive mais perto da guerra. Felizmente
sem problemas, mas, que me levou a ponderar a minha situação de voluntariado para
este tipo de missões.
Para voluntário já chegava quando fui para a FAP. A partir daqui estava pouco interessado nas mesmas, muito menos a minha disponibilidade para tal ser retribuída com algum tiro, numa guerra que já pouco me dizia em termos patrióticos.
Para voluntário já chegava quando fui para a FAP. A partir daqui estava pouco interessado nas mesmas, muito menos a minha disponibilidade para tal ser retribuída com algum tiro, numa guerra que já pouco me dizia em termos patrióticos.
Como tal, chegado ao AB4 dirigi-me ao Cap. Maia e pura e simplesmente
disse-lhe:- “Chefe”, arranje outro para fazer as próximas viagens ao Luso…eu desisto!
Desta forma e enquanto não encontrei forma de diversificar o tempo, voltei ao “rame-rame” do dia-a-dia na Base e na Cidade.
Desta forma e enquanto não encontrei forma de diversificar o tempo, voltei ao “rame-rame” do dia-a-dia na Base e na Cidade.
A. Neves
HC 1971
Caro colega de guerra eu fui dos primeiros a ir para o Dala em 1969 nâo tinha quartel ficamos numa casa que era da junta aot de estradas na altura isso era muito sosegado iamos muito âo Luso numca tivemos probelemas eu foi motorista e muitas das vezes ia .so com um atirador tivemos sorte no Dala apenas ficava uma secçâo o que Mais me custav era chegar aoLuso e nao poder entrar no Hotel Melitar por irmos de camoflado
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