Desde pequeno que sempre que, em conversa de circunstância, os adultos me perguntavam: "e então o que é que tu queres ser quando fores grande?" Eu fazia um compasso estudado de espera e disparava: "Quando eu for grande, quero ser caçador de nuvens!".
Para mim nada seria melhor que cruzar os céus, qual "Super Homem" e furar nuvens para ver o que continham; se me queriam ver feliz, era deixarem-me estar deitado de costas, braços cruzados atrás da cabeça olhando o céu em busca de nuvens, adivinhando-lhes as formas, e sonhando como seriam magníficas as suas viagens sem destino pelo azul infinito, uma paixão que acabou por passar com a adolescência.
Quando, feita a recruta tive que decidir em qual das especialidades ingressaria, estava dividido entre OMET ou MMA (estudar as nuvens, ou furá-las) mas devido à influência de um amigo de infância, acabei por ir para OPC e mais uma vez as nuvens perderam em função da minha escolha.
Mais tarde, com a especialidade terminada, colocado em Tancos, sem ninguém para
conversar em longos turnos de cifra e posto de rádio, ia regularmente para a torre de controlo que ficava imediatamente por acima do posto de rádio, conversar com os controladores de serviço depois de transmitir a meteorologia que era enviada de hora a hora para Lisboa, e as conversas incidiam sobre o serviço, e as nuvens vinham invariavelmente à baila...
Por curiosidade aprendi-lhes os nomes, e as formas, das mais baixas ás mais altas, Estratos, Estratocúmulos, Nimbo Estratos, Cúmulos, Alto Estratos, Alto Cúmulos, Cirros, Cirro Cúmulos, Cirro Estratos e as que eram diferentes de todas as outras devido à sua formação e evolução vertical de que mais gostava, os Cúmulo Nimbos.
Veio a mobilização, o primeiro destacamento e a inevitabilidade e o espanto de como OPC, na ausência de um OCART ou OMET, ter de controlar aviões ou de fornecer informações em tempo real sobre as condições meteorológicas à vertical, foi o pânico de errar e o confronto com a realidade, nunca em tempo algum aos OPC'S foi explicado sucintamente como fazer controlo aéreo, ou uma observação meteorológica, quando podia um avião ter condições meteorológicas seguras para aterrar/descolar, ou como fazer as leituras do vento ( sua direção, intensidade e caracterização) do tecto (altitude tipo e caracterização das nuvens) da visibilidade horizontal (distância da visibilidade em Metros/Quilómetros) da pressão atmosférica, (em Bares) e o mais importante prever como seriam as suas evoluções durante a duração do voo entre o ETD e ETA, (tradução) tempo estimado da descolagem e aterragem.
Se pensarmos que numa viagem de Henrique de Carvalho a Neriquinha, na época das chuvas, tínhamos as quatro estações do ano nesse período...
Quando efectuei lá o primeiro destacamento, a urgência sobre uma rápida previsão do tempo à vertical era tão decisiva que se não fosse credível e efectuada num curto espaço de tempo, o avião nem sequer carregava os materiais, frescos e outros, ficando toda a gente sem correio e alimentos durante mais quinze dias, com todas as implicações inerentes...
E não se pense que bastava dizer pomposamente que o tempo estava (CAVOK) abreviatura do Inglês (ceiling and visibity ok) traduzindo: (à vertical da pista, visibilidade horizontal acima de 10 KM, ausência de; nuvens abaixo de 1500 metros ou 5000 Pés, especialmente Cúmulo Nimbos, Chuva, trovoadas ou tempestades de areia ou pó) portanto, bom tempo, valesse essa informação o que valesse, para que o avião descolasse, as tripulações exigiam rigor nas informações antes de descolar, pois tinham plena consciência da precariedade das previsões feitas a olho, e em Neriquinha só havia um OPC e um MR, portanto toda a responsabilidade recaía sobre o OPC.
Para mim nada seria melhor que cruzar os céus, qual "Super Homem" e furar nuvens para ver o que continham; se me queriam ver feliz, era deixarem-me estar deitado de costas, braços cruzados atrás da cabeça olhando o céu em busca de nuvens, adivinhando-lhes as formas, e sonhando como seriam magníficas as suas viagens sem destino pelo azul infinito, uma paixão que acabou por passar com a adolescência.
Quando, feita a recruta tive que decidir em qual das especialidades ingressaria, estava dividido entre OMET ou MMA (estudar as nuvens, ou furá-las) mas devido à influência de um amigo de infância, acabei por ir para OPC e mais uma vez as nuvens perderam em função da minha escolha.
Mais tarde, com a especialidade terminada, colocado em Tancos, sem ninguém para
BA3 Tancos |
Por curiosidade aprendi-lhes os nomes, e as formas, das mais baixas ás mais altas, Estratos, Estratocúmulos, Nimbo Estratos, Cúmulos, Alto Estratos, Alto Cúmulos, Cirros, Cirro Cúmulos, Cirro Estratos e as que eram diferentes de todas as outras devido à sua formação e evolução vertical de que mais gostava, os Cúmulo Nimbos.
Veio a mobilização, o primeiro destacamento e a inevitabilidade e o espanto de como OPC, na ausência de um OCART ou OMET, ter de controlar aviões ou de fornecer informações em tempo real sobre as condições meteorológicas à vertical, foi o pânico de errar e o confronto com a realidade, nunca em tempo algum aos OPC'S foi explicado sucintamente como fazer controlo aéreo, ou uma observação meteorológica, quando podia um avião ter condições meteorológicas seguras para aterrar/descolar, ou como fazer as leituras do vento ( sua direção, intensidade e caracterização) do tecto (altitude tipo e caracterização das nuvens) da visibilidade horizontal (distância da visibilidade em Metros/Quilómetros) da pressão atmosférica, (em Bares) e o mais importante prever como seriam as suas evoluções durante a duração do voo entre o ETD e ETA, (tradução) tempo estimado da descolagem e aterragem.
Se pensarmos que numa viagem de Henrique de Carvalho a Neriquinha, na época das chuvas, tínhamos as quatro estações do ano nesse período...
Neriquinha, forte chuvada |
E não se pense que bastava dizer pomposamente que o tempo estava (CAVOK) abreviatura do Inglês (ceiling and visibity ok) traduzindo: (à vertical da pista, visibilidade horizontal acima de 10 KM, ausência de; nuvens abaixo de 1500 metros ou 5000 Pés, especialmente Cúmulo Nimbos, Chuva, trovoadas ou tempestades de areia ou pó) portanto, bom tempo, valesse essa informação o que valesse, para que o avião descolasse, as tripulações exigiam rigor nas informações antes de descolar, pois tinham plena consciência da precariedade das previsões feitas a olho, e em Neriquinha só havia um OPC e um MR, portanto toda a responsabilidade recaía sobre o OPC.
Heliógrafo |
Cúmulonimbos |
O cacimbo matinal |
Embora fossem as nuvens para mim mais ameaçadoras, não eram as únicas que eram temidas pelas tripulações, de manhã bancos de nevoeiro erguiam-se dos rios e solo húmidos e espraiavam-se por vastas áreas, impossibilitando as descolagens ou aterragens, ou cerradas borrascas de cúmulos, debitavam toneladas de água em frentes de quilómetros, movidas a ventos que os alinhavam impossibilitando o seu atravessamento, e levantando enormes nuvens de pó que impediam a visibilidade obrigando a longos desvios de rota.
Ainda hoje inconscientemente, passados mais de quarenta anos, de manhã tenho aquela necessidade intrínseca de ir à janela olhar o céu e espeitar as nuvens, como moro perto do mar ainda sorrio quando os vejo, vindos da linha do horizonte marítimo, castelos de Cúmulos Nimbos em formação, qual invencível armada, e vêm-me à memória os sons e cheiros da terra molhada da Mãe-África.
Ainda hoje inconscientemente, passados mais de quarenta anos, de manhã tenho aquela necessidade intrínseca de ir à janela olhar o céu e espeitar as nuvens, como moro perto do mar ainda sorrio quando os vejo, vindos da linha do horizonte marítimo, castelos de Cúmulos Nimbos em formação, qual invencível armada, e vêm-me à memória os sons e cheiros da terra molhada da Mãe-África.
OPC (ACO) - 71/73
Uma bonita dissertação acerca do que era om trabalho dos METEO, e também dos que embora não o sendo, mesmo tendo um mini-curso, também o fizeram por via das circuntâncias.
ResponderEliminarSérgio Durães
OPC 70/72
Correto e afirmativo. OVA
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