Major Catroga, Ten.Cor. Tomás e Major Noronha |
O testemunho do Rui Baptista (RB), publicado em 16 de Janeiro, por sinal, muito bem escrito, despertou em mim uma certa nostalgia dos tempos passados nos longínquos anos de 1967 a 1969, na Base Aérea 2, na Ota.
E para falar e recordar, para o bem e para o mal, do nosso TOMÁS (patentes, fica para posterior explicação), tenho que dividir em duas partes, enquanto aluno e posteriormente como Especialista MMA, como monitor no GITE (Grupo Instrução de Técnicos Especialistas).
Acabada
a recruta em Agosto de 1967, a minha situação de aluno, foi igual a tantos
milhares de alunos que pela “casa” passou, com o terror do TOMÁS, sempre pronto
a mandar o aluno para a barbearia ou a engrossar a lista de reforços de
fim-de-semana, ou melhor dizendo eram os célebres reforços “à Benfica”.
Das
inúmeras tiradas, já referidas pelo RB…“Eu como especialistas ao pequeno-
almoço”,
“o especialista para mim é papel” (enquanto amarrotava uma folha de papel entre
as mãos), “ò aluno, eu estou-te a ver”, “tu aí, anda cá – reforço fim-de-semana”,
eu vi arrancar botões das camisas e dizer “ò aluno não vês que tens o botão a
cair”, reforço de fim-de-semana. Quero aqui expressar que fiz “reforços à
Benfica” não por causa do TOMÁS, mas sim de outros “artistas”, entre eles do
Tenente Mineiro, boa prenda.
Reforço á "benfica" ! |
Mas o inverno de 1967, trouxe uma enorme calamidade que foram as cheias na noite de
25 para 26 de Novembro. Por coincidência, estava a cumprir um “reforço à
Benfica” e chovia tanto, mas tanto, que na rendição passei pela guarita e não a
vi. (Bairro dos Sargentos).
Mas
vêm as cheias a propósito, pois foram “Os queridos alunos” que durante muitos
dias nas semanas seguintes foram para as vilas e aldeias em redor da Ota,
limpar e desobstruir o lamaçal que se produziu.
A mim tocou-me andar em Alenquer e em Quintas onde morreram dezenas de pessoas.
Mas com o mal de uns é sempre o bem de alguém, pois o nosso Major TOMÁS foi promovido a Ten.Coronel, por mérito de muitos de nós. Adiante!
A mim tocou-me andar em Alenquer e em Quintas onde morreram dezenas de pessoas.
Mas com o mal de uns é sempre o bem de alguém, pois o nosso Major TOMÁS foi promovido a Ten.Coronel, por mérito de muitos de nós. Adiante!
Terminada
a especialidade, fui colocado no GITE, como monitor de Sistemas e aqui a minha
situação modificou-se em relação ao TenCor Tomás, sempre cordato, pudera, tinha
ali os alunos à mão para descarregar a sua “bílis”. Aqui assisti, por
coincidência, a um facto que não será do conhecimento da maioria dos “Zés
Especiais”, um telefonema do Major Noronha a lamentar-se que não tinha a escala
de fim-de-semana completa e apelava aos “bons préstimos” do Tomás. Aqui entrava
a caça ao aluno para os “reforços à Benfica”, ou seja um passava por mansinho o
outro era o terror.
Em
Outubro de 1968, começa a falar-se de mais um Torneio/jogo de Andebol e
surpreendentemente sou chamado ao Tomás, fiquei como podem calcular a dizer
para os meus botões, o que se passa, devo estar lixado. Fiquei um pouco mais
descansado quando me apercebo que também tinha chamado o Saramago (MAEQ), um
“carrapau setubalense” também monitor.
Começou
a falar do jogo e nós/eu cheio de “lata”, proponho que façamos uma
equipa do GITE para jogar com outra equipa de alunos.
A equipa dos Especialistas |
Resposta pronta do Tomás, mas “que
misturas são estas oficiais e cabos, nem pensar”.
Sem pensar respondi, se não for assim a
equipa do Senhor vai perder e sei que não gosta de perder. Horas depois
percebi, que queria fazer uma equipa com o Curso de Alunos/Cadetes e constava
que havia um jogador internacional do FC Porto. Arriscou e perdeu.
As duas equipes na final |
Os
ESPECIAIS, com o malogrado Carlos Fialho (MMA) monitor de Motores,
ganharam o
jogo por 9-7, para gáudio das centenas de alunos do ano 1968, que assistiram ao
jogo só para ver o nosso Tomás a perder.
Recebendo medalha |
Ele,
ficou em “brasa” e tenho a convicção que se não fosse a presença do novel
Comandante da Base Rangel de Lima, que constava lhe tinha tirado algum
protagonismo, teria havido um “protesto de jogo”, “recurso ao disciplinar” ou
outra qualquer artimanha.
A minha passagem pela Ota ainda teria mais um acontecimento trágico, o Sismo de 1969, em 28 de Fevereiro de 1969 pelas 02:40 horas, que atingiu o Sul do País e a região de Lisboa. Acordámos todos em sobressalto com os armários metálicos da camarata dos adidos a dançarem, já aguardava passagem para Angola.
A minha passagem pela Ota ainda teria mais um acontecimento trágico, o Sismo de 1969, em 28 de Fevereiro de 1969 pelas 02:40 horas, que atingiu o Sul do País e a região de Lisboa. Acordámos todos em sobressalto com os armários metálicos da camarata dos adidos a dançarem, já aguardava passagem para Angola.
Á distância de cerca de 45 anos, podemos compreender algumas situações para lidar com a nossa juventude, mas ele (Tomás) ficou com a fama que outros “anjinhos”, também as fizeram e passaram por bonzinhos.
Morreu o Tomás, já há cerca de 3 anos e pelo testemunho que então recolhi, não acabou muito bem, numa cama do Hospital da Força Aérea no Lumiar..
Morreu o Tomás
Descanse em Paz!
Por:
Gostei,devo dizer ,outros tempos que não são possíveis de replicar.Abraço para Todos.
ResponderEliminarCarlos Santos Joaquim eu lembro perfeitamente de ti eu era chefe de turma dos MAEQ podes ajudar a encontrar o Saramago? Abraço
ResponderEliminarEu era o chefe de turma MAEQ podes ajudar a encontrar o Saramago?
ResponderEliminarEstimado Carlos Joaquim (500-da 2/67),já se passou meio século em que num ato repentista conseguimos formar um equipa de andebol e dar "cabo" a esse petulante major Tomás. Ainda hoje recordo a angústia dele com a derrota sofrida perante uns jovens aguerridos e que, com luva branca, o mandaram às urtigas. Bons tempos que recordaremos para sempe.Um forte abraço com amizade. PRATA AZEVEDO.
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