Messe dos Especialistas do AB4 |
Para quem não fez o serviço militar e não andou por África, é difícil compreender esta coisa tão simples como sentarmo-nos à mesa e comermos com gosto.
Self-service do AM 44 Luso |
Vem tudo isto a propósito da diferença abissal do "rancho" servido nas Bases proveniente das cantinas da Força Aérea, e dos "alimentos" fornecidos pelo Exército aos Especialistas e Pilotos nos destacamentos mais isolados. Culinária, não era disciplina ensinada na recruta, mas uma utilização mais racional dos alimentos disponíveis não teria sido uma perda de tempo e ganhar-se-ia em bem estar, mais empenho e satisfação do pessoal.
Em longos períodos de forçada má nutrição, vinha ao de cima a tradicional capacidade de desenrasque dos Portugueses, depois de andarmos a comer latas de pêssego em calda durante dias, era necessário e urgente variar a "dieta alimentar". No Cazombo existia um cozinheiro, em Gago Coutinho e Neriquinha tínhamos que gramar a "ementa verde" como não existia uma delegação da manutenção militar, qualquer cantina proporcionava as tradicionais conservas de peixe e carne.
Foi num rasgo gastronómico genial que a receita das
salsichas tropicais foi inventada, experimentada e aperfeiçoada até à exaustão, prato simples,
com alto teor calórico, e com ingredientes de fácil manuseamento até para nós que de trens de
cozinha o que mais utilizávamos era o abre-latas.
Da receita base constava "por cabeça", uma lata de salsichas, variando o número e o tamanho destas consoante a fome dos comensais, uma lata de feijão encarnado, um ovo, uma cebola pequena, dois dentes de alho médios, sal, colorau, azeite e piripiri a gosto, (daí o tropicais). Num tacho introduzia-se a cebola e o alho picados, um fio de azeite suficiente para o refugado e parte do feijão para criar o molho, refugada a mistura, juntavam-se as salsichas cortadas em bocados a gosto, o feijão, e o ovo cozido à parte, migado miúdo, acertava-se o sal e aguardava-se que o feijão se envolvesse com o ovo e as salsichas formando uma pasta homogénea, apimentada a gosto com o gindungo ou piripiri.
Da receita base constava "por cabeça", uma lata de salsichas, variando o número e o tamanho destas consoante a fome dos comensais, uma lata de feijão encarnado, um ovo, uma cebola pequena, dois dentes de alho médios, sal, colorau, azeite e piripiri a gosto, (daí o tropicais). Num tacho introduzia-se a cebola e o alho picados, um fio de azeite suficiente para o refugado e parte do feijão para criar o molho, refugada a mistura, juntavam-se as salsichas cortadas em bocados a gosto, o feijão, e o ovo cozido à parte, migado miúdo, acertava-se o sal e aguardava-se que o feijão se envolvesse com o ovo e as salsichas formando uma pasta homogénea, apimentada a gosto com o gindungo ou piripiri.
Quando
inventei o acepipe, ninguém ligou à actividade frenética que se passava na copa, havia
estômagos para tudo e nem toda a gente era tão má boca como eu, mas quando saí em direcção
à mesa e o cheirinho do feijão atingiu as narinas dos meus companheiros de infortúnio, toda a
gente quis ensopar o pão no molho, e rapidamente fiquei sem almoço, já que há sopas e "sopas".
Aprovada a receita, foi sendo enriquecida com outros ingredientes, qual "sopa de pedra", mas a original foi a que obteve mais impacto, e só nos perguntávamos como era possível que dois ingredientes (salsichas e feijão) que sozinhos comíamos a contragosto pudessem juntos ser tão apetitosos.
Aprovada a receita, foi sendo enriquecida com outros ingredientes, qual "sopa de pedra", mas a original foi a que obteve mais impacto, e só nos perguntávamos como era possível que dois ingredientes (salsichas e feijão) que sozinhos comíamos a contragosto pudessem juntos ser tão apetitosos.
Gago Coutinho, 1973
Escrito por:
JFA OPC
Pois amigo ACO havia outros pratos tais como Estilhaços com Atacadore na Base e Esparguete com Marmelada em Nriquinha
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