quinta-feira, 20 de março de 2014

BASE AÉREA DA OTA

O QUE SE ESCREVEU EM 1940


Inaugurou-se no dia 14 de Abril do corrente ano de 1940, a Base Aérea nº2, magnificamente instalada em vastos terrenos a Ota, cerca de Alenquer. É uma obra grandiosa e única no seu género em Portugal, sobretudo no que diz respeito ao aquartelamento. Constitui com os seus edifícios e as suas oficinas, um estabelecimento militar de primeira categoria, amplo, limpo, banhado de luz e possuindo acomodações para 150 homens e 60 aviões.   
Na nova unidade da aviação distinguem-se a parte de comando e aquartelamentos e a de aeronáutica propriamente dita. Na primeira, ficam quatro alas distintas mas edificadas de modo igual. Passada a porta de armas que tem anexas duas pequenas casas -uma para a guarda e outra servindo de prisão- vê-se `esquerda a primeira construção que é a “messe” de oficiais. Consta de: um “hall” de boas dimensões+, adaptado a sala de estar; balneários de sistema moderno; uma cozinha forrada a mármore e com o respectivo fogão; uma esplêndida sala de jantar, um bar pequenino; uma sala de leitura e outra de visitas. Para os oficiais solteiros há vinte e um quartos, dispostos ao longo do corredor.
No corpo do edifício fronteiro estão instalados o comando, a secretaria, o gabinete do oficial de serviço, a biblioteca, uma de conferências, onde se encontra um valioso friso fotográfico que foca as diversas fases do desenvolvimento da aviação militar em Portugal. À entrada, dois belos azulejos fixam uma parede gloriosa da viagem ao Brasil, de Gago Coutinho e Sacadura Cabral e a chegada do primeiro avião português, há anos a uma das nossas colónias do Ultramar.
As acomodações para os soldados, na ala que lhe é destinada, são esplêndidas e modernas. Amplos dormitórios, correspondendo a cada cama um belo armário com cabides. Balneário, também servido por água quente fria. Uma boa sala de jantar com mesas de ferro e tampos de mármore branco, tendo cada praça a sua cadeira de ferro.
Uma sala enorme com inúmeras janelas é exclusivamente destinada ao curso de instrução primária.Temos, depois o edifício dos sargentos, igual aos anteriores, onde também ficam a cozinha privativa, a sala de jantar, os balneários e os refeitórios.
A Sul e Norte do aquartelamento e, consequentemente, fora dele, estendem-se dois bairros, tudo casas alegres, cheias de sol. Destinam-se estes bairros aos oficiais e sargentos casados. O dos primeiros é o do Sul. Dezanove edifícios com dois andares, espaçosos, de linhas elegantes.
O bairro dos sargentos fica ao Norte e constituem-no vinte e oito construções, compostas de rés-do-chão e um andar.

Afastados algumas centenas de metros dos edifícios de aquartelamento e comando, encontra-se o conjunto de “hangares” e oficinas. Logo em frente, estende-se a pista, que é um grande quadrilátero alongado no sentido Norte-Sul.
Os gigantescos “hangares”, cuja grandiosidade só se pode avaliar bem quando neles se penetra, estão repletos de material aeronáutico, desde grandes aviões de bombardeamento até às mínimas peças acessórias, incluindo os “caças” e os aparelhos de treino.
Não faltam, também, as patrulhas de “caças” de protecção não só da própria unidade como dos bombardeiros trimotores e bimotores com que o nosso Exercito do Ar foi recentemente enriquecido.
São três grupos de “hangares” de que a nova base dispõe: um de Montagem e esquadrilha de caça e dois para bombardeiros completamente metálicos. Ao lado do primeiro ficam os armazéns com material de substituição e, em edifícios anexos, as oficinas apetrechadas com a mais variada maquinaria para reparações.

Numa dependência reparam-se e ensaiam-se motores; noutra regulam-se aparelhos de precisão. Em várias secções trabalha-se nas diversas matérias-primas que compõem a complicada estrutura de um aeroplano.
O pessoal goza também de todas as comodidades. O director das oficinas tem o seu gabinete e uma secretaria para os serviços respectivos. Os artífices dispõem de vestuário higiénico e dum refeitório amplo.
Em arrecadações devidamente protegidas está armazenado o material destinado à actividade bélica dos aviões de bombardeamento.
O serviço de abastecimento dos aparelhos é feito por tanques gigantescos, com a capacidade para 50.000 litros cada, enterrados e protegidos contra ataques aéreos.Para a limpeza está instalado um motor de ar comprimido, ligado por uma rede de tubos que pode chegar onde se encontre o material.
Viaturas automóveis, pesadas e ligeiras, asseguram os serviços de transporte e sanitário, prontos à primeira chamada, nas espaçosas garagens edificadas ao cimo do recinto dos aquartelamentos.
Esta magnifica obra do Estado Novo que, como já dissemos, é no seu género, a melhor e Portugal, e importou em cerca de dezoito mil contos.

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